A Nova Zelândia proibiu o “mulesing”, prática de mutilação de ovelhas que tem como objetivo deixar a pele delas mais lisa. O procedimento faz parte de uma técnica realizada para que os animais produzam mais lã aos criadores. A lei entrou em vigor no começo de outubro e foi conquistada após a pressão da PETA. A ONG pretende convencer outros países, como a Austrália, atual maior produtor do material, a banir a atividade criminosa.
*Por Michelle Kretzer para a PETA
Depois de receber a pressão de defensores dos animais, os legisladores da Nova Zelândia aprovaram uma lei para proteger as ovelhas de um abuso. O país proibiu o mulesing, um procedimento doloroso realizado em ovelhas de fazendas de lã. Nessa prática, grandes pedaços de carne são retirados das costas dos animais, como uma mutilação. A lei entrou em vigor no início de outubro.
Mutilação de ovelhas: prática pode levar os animais à morte
As ovelhas merino são especificamente criadas para ter pele enrugada. Isso dá mais lã por animal e, portanto, maior lucro. Mas, essa sobrecarga natural faz com que muitas desmoronem e até morram de exaustão pelo calor durante os meses quentes. Além disso, as rugas acumulam urina e umidade. Moscas, que são atraídas pela umidade, depositam ovos nas dobras da pele, e as larvas eclodidas podem comer as ovelhas vivas.
Para evitar esse chamado “ataque de moscas”, os produtores que fazem mulesing nas ovelhas restringem suas pernas entre barras de metal e – frequentemente sem qualquer analgésico – retiram grandes pedaços de carne para afastar a pele das costas dos animais ou para prender as braçadeiras à carne, até que morram ou se soltem. Ambos os procedimentos são extremamente dolorosos.
Confira a seguir algumas cenas que mostram o procedimento:
A prática, conhecida como “mulesing”, é uma tentativa grosseira de criar uma pele mais lisa que não coleta umidade. Mas, as feridas expostas e sangrentas geralmente ficam infectadas ou com moscas. Muitas ovelhas que suportam a mutilação ainda sofrem mortes lentas e agonizantes devido ao ataque de mosquitos.
Mutilação de ovelhas: um crime que custa caro
Sob a nova lei da Nova Zelândia, quem realizar a prática terá uma condenação criminal punível com uma multa de US $ 5.000 para um infrator individual e uma de US $ 25.000 para uma empresa.
Mesmo as clínicas veterinárias que usam remédios para alívio da dor não serão autorizadas a realizar o procedimento. O país começou a eliminar gradualmente o uso dessas drogas em 2007, como resultado da crescente pressão dos consumidores depois que a PETA e suas afiliadas internacionais expuseram a prática.
Juntos, os afiliados da PETA lançaram uma campanha global para acabar com alguns dos piores abusos de ovelhas, incluindo esse tipo de mutilação de ovelhas. Uma longa lista dos principais varejistas e designers – como Abercrombie & Fitch, Timberland, H & M, Águia Americana, Liz Claiborne, Hugo Boss, Perry Ellis International, Coldwater Creek e muitos outros – foi convencida pela PETA de não usar lã de cordeiro que tenha passado por esse procedimento. Foram realizadas manifestações em todo o mundo e numerosas celebridades aderiram à causa.
Pressão montada para produtores de lã para acabar com o mutilamento
O conselho da Australian Wool Innovation (AWI) prometeu que o maior país produtor de lã do mundo eliminaria essa atividade até 2010. Mas, ainda não cumpriu o acordo. A maioria dos produtores na Austrália continua realizando essa mutilação.
Com a proibição da Nova Zelândia em vigor, a pressão está ligada para que outros países sigam o exemplo. Chick Olson, ex-integrante do conselho da AWI e produtor de lã, disse: “A indústria de lã australiana ficou tão atrasada que será difícil se recuperar. A Europa e a Nova Zelândia estão à frente. O mulesing está afetando as vendas de cordeiro e nossa reputação no exterior. A Nova Zelândia identificou claramente as preferências dos consumidores. Eles legislaram para corresponder a essas preferências.”
O fim do mulesing na Nova Zelândia é uma pausa bem-vinda para ovelhas em fazendas de lã. No entanto, isso não significa que a produção de lã deixou de ser uma atividade ruim. A PETA continuará trabalhando para acabar com todo o abuso de ovelhas.
Desde 2013, a PETA e suas afiliadas divulgaram 70 operações de lã e revelaram um abuso desenfreado de ovelhas em cada uma delas.
Aqui estão as ações mais urgentes que você pode fazer agora para ajudar:
1-) Assine a petição da PETA pedindo que Express e Forever 21 deixem de usar lã (clique aqui).
2-) Envie um e-mail curto e educado pedindo à J. Crew para parar de vender lã: mdrexler@jcrew.com.
3-) Peça para a Patagônia deixar de utilizar lã. A empresa suspendeu duas vezes as compras desse produto após as denúncias da PETA. Mas, agora está de volta, comprando de uma fonte que não divulgará (saiba mais aqui).
4-) Evitar que as ovelhas sofram nas fazendas, comprometendo-se a não comprar lã (leia mais aqui).
*Fonte: PETA
*Imagem: divulgação